O Coruja começou a aparecer em 1885, no rodapé do jornal carioca O Paiz. Cinco anos depois, essa tentativa pouco feliz de análise psicológica ganha o formato de livro, saindo junto com O Cortiço. Com o Coruja, Aluísio tenta a análise psicológica, mas seu esforço redunda em maniqueísmo romântico tardio, uma vez que suas duas personagens encarnam comportamentos opostos e imutáveis. Coruja é o apelido de ANDRÉ Miranda de Melo e Costa, menino feio, órfão, criado por um padre que não fazia questão de dissimular a contrariedade que o menino lhe causava. Aos 12 anos, o Coruja é enviado à escola, onde logo se impõe pela força física e pela presteza intelectual.
Para compensar seu retraimento, Coruja cataloga livros na biblioteca, estuda com afinco, inicia-se em flauta e faz horticultura. Suas férias, sempre sozinho na escola, só melhoram depois que fica conhecendo Teobaldo Henrique de Albuquerque, menino rico e viajado, bonito e elegante, filho de um credor da escola.
A amizade entre ambos desenvolve-se rapidamente, tornando-se o Coruja uma espécie de sombra do amigo.
Anos depois, consolidada essa amizade, Teobaldo e Coruja estão no Rio para prosseguir os estudos. Teobaldo envolve-se logo com proprietária do quarto que aluga e também com uma prostituta de alto nível. Enquanto isso, Coruja fracassa nos exames preparatórios e torna-se professor particular. Um haverá de preferir a boêmia sistemática e irresponsável; o outro transforma-se numa sombra silenciosa, persistente e incansável, sempre disposto a se sacrificar pelo amigo bonito e rico.
Mas, com a morte de seus pais, chegam as reais dificuldades para Teobaldo, que se salva, no entanto, graças a um casamento de conveniência com Branca, filha única do comendador Rodrigues, comerciante de posses. Teobaldo conhecera-a por intermédio de Aguiar, primo da moça e seu pretendente, obviamente, rejeitado.
O casamento não altera em nada a vida de Teobaldo, exceto na revelação gradual de sua personalidade autêntica, que só Branca consegue aprender.
Teobaldo e Coruja seguem caminhos paralelos, mas em sentido contrário.
De sucesso em sucesso, Teobaldo chega a ministro do governo, mas desiludido consigo mesmo e fracassado no casamento. Dele fica uma imagem pública de sucesso pessoal e profissional, depois da morte. Para o Coruja sobra a solidão que desde criança o acompanhava.
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